As "Mamas Digitais"

Fiquei perplexo e paralisado ao olhar para o primeiro outdoor colocado em plena 25 de Setembro. Chamem-me puritano se quiserem. Confesso que não me importo mesmo nada de comtemplar um belo e atraente decote. Aprecio igualmente alguma publicidade que faça uso da sexualidade de forma propositada, inteligente e contextual. Neste caso infelizmente, lamento ser forçado a deplorar a forma deslocada e sem absolutamente sentido algum, com que a nova TV Cabo Digital se apresenta ao mercado.
Acreditem que me esforçei por, de forma imparcial, fazer algum senso das imagens. De um lado lemos um Slogan sem sabor e próximo do informativo “Agora a TV Cabo é Digital”, e do outro uma beldade descaradamente insinuada com o peito dando mostras de claustrofobia. Francamente banal! Se usarmos do mesmo raciocínio para o Comercial de TV, derrapamos na mesma brilhante fórmula, desta vez descaradamente reencenando a famosa cena da perna cruzada de Sharon Stone em Instinto Fatal. Não me quero sequer interrogar de quais as mentes brilhantes que orquestraram tamanha obra de arte. Neste caso, a agência deve ter sido o espelho do cliente e vice-versa.
Após extenuante análise, esforçei-me a fundo por fazer uma relação entre a imagem e as respectivas mensagens. Lembrei-me das espectaculares campanhas da Multichoice e simplesmente...deixei-me suspirar. Sabendo nós, que os conteúdos oferecidos pela TV Cabo são exactamente os mesmos que os da DSTV, porque não tentar seguir o exemplo e fazer algo com sabor local e original? Que tem uma bronzeada desmamada a ver com mais desporto, mais internet ou mais qualidade? E já agora, que tem isso de digital?
Mais brilhante ainda, é podermos redescobrir a velha fórmula dos anos 60 em que algum iluminado achou que podia vender qualquer coisa, bastando para tal colocar uma mulher ao lado do produto com um sorriso plástico e alguma nudez. Na altura foi tal a novidade e coincidindo com a revolução sexual, que disparou uma novo género de publicidade. Nos últimos tempos, essa velha arte foi sendo refinada de modo a servir um público bem mais exigente e por demais exposto à sexualidade. Quem diria que voltariamos às origens de forma tão óbvia.
Temo que estamos na presença de um novo movimento renascentista deste género. Tudo terá começado com outra brilhante campanha intitulada “Eu Quero o Amarelo” (na Av. Marginal) e cujo seguimento, de tanga à mostra e tudo, já se pode observar no mesmo local, mas com uma marca de Whiskey diferente. Pois é meus caros, para quê o brainstorm quando temos o copy & paste?